Ashaninka
Localização e população
A área de ocupação dos Ashaninka
estende-se por um vasto território, desde a região do Alto Juruá e da margem
direita do rio Envira, em terras brasileiras, até as vertentes da cordilheira
andina no Peru, ocupando parte das bacias dos rios Urubamba, Ene, Tambo, Alto
Perene, Pachitea, Pichis, Alto Ucayali, e as regiões de Montaña e do Gran
Pajonal.
grande maioria dos Ashaninka vive no
Peru. Os grupos situados hoje em território brasileiro são também provenientes
do Peru, tendo iniciado a maior parte de suas migrações para o Brasil
pressionados pelos caucheiros peruanos no final do século XIX. Aqui os
Ashaninka estão em Terras Indígenas distintas e descontínuas, todas situadas na
região do Alto Juruá (veja ao lado em Terras Habitadas).
Afluente da margem direita do rio
Juruá, o Amônia nasce em território peruano e garante em seu curso brasileiro
condições de navegação relativamente favoráveis. Na época das chuvas, uma
viagem, da fronteira internacional à confluência com o Juruá, situada no
município de Marechal Thaumaturgo, leva mais ou menos dez horas de navegação em
canoa motorizada.
Hoje, nas terras baixas do rio Amônia,
encontramos a Reserva Extrativista do Alto Juruá (margem direita) e um
assentamento do Incra (margem esquerda), enquanto a parte alta abriga em ambos
os lados a Terra Indígena Kampa do Rio Amônia.
Os dados censitários realizados por
antropólogos que trabalharam com esse povo apresentam uma grande variação
segundo os autores, que salientam a dificuldade de estabelecer um total
populacional. No Peru, os dados variam, segundo as fontes e as datas das
pesquisas, de 10 mil a mais de 50 mil indivíduos. Não obstante essas
estimativas hipotéticas, todos os autores destacam a importância dos Ashaninka
em termos demográficos e apresentam o grupo como um dos maiores contingentes
populacionais nativos da Amazônia peruana e mesmo da bacia amazônica em geral.
De acordo com o censo de 1993 do
Instituto Nacional de Estatística e Informatica (INEI), o povo ashaninka, no
Peru, soma 51.063 indivíduos distribuídos em 359 comunidades, constituindo a
população nativa mais numerosa da Amazônia peruana (Zolezzi 1994: 15). No
Brasil, os levantamentos realizados por antropólogos, organizações indigenistas
e Funai revelam também grandes variações devidas à falta de registros. A essas
dificuldades técnicas acrescenta-se uma forte tendência à migração,
característica da sociedade tradicional ashaninka, que dificulta a realização
de levantamentos mais precisos. Apesar das dificuldades, a ONG CPI-AC estimou a
população ashaninka vivendo em território brasileiro em cerca de 869 pessoas.
Segundo a CPI-AC, a população ashaninka
do rio Amônia representava em 2004 um total de 472 indivíduos, ou seja, mais ou
menos metade dos Ashaninka vivendo no Brasil. Mais de 80% dessa população vive
hoje na aldeia Apiwtxa ou nas suas proximidades (menos de trinta minutos de
canoa motorizada). Por via fluvial, a aldeia Apiwtxa situa-se a aproximadamente
80 quilômetros de Marechal Thaumaturgo e 350 de Cruzeiro do Sul. Em linha reta,
a distância é, respectivamente, de 30 e 180 quilômetros. Essa aldeia foi criada
em 1995, na parte baixa da TI, nas proximidades do limite com a Reserva
Extrativista do Alto Juruá e o assentamento do Incra.
Ainda de acordo com dados da CPI-AC, a
TI do Rio Breu possuía em 2004 uma população de 114 Ashaninka. Na TI Igarapé
Primavera havia nessa data 21 pessoas e na TI Kampa do Rio Envira 262
indivíduos.
Aldeias Ashaninkas 3* Ano
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