domingo

Como Ensinar a Tabuada de Multiplicar para Seus Filhos

Criado por Rafael Bemerguy, Sabrina L. Furtado
Diversos pais ao longo do país estão sabatinando seus filhos para memorizarem as tabuadas - uma por uma. Repita. Repita.

Muitos pais e crianças esforçam-se nesta atividade. É importante para cada criança aprender a tabuada de multiplicação para que estejam preparadas para o aprendizado da divisão - onde a multiplicação é usada para explicar e verificar o processo. Além disso, mais tarde, as frações são baseadas em divisão - o que requer o conhecimento da multiplicação. Os pais precisam de tempo e muita paciência para ajudar seus filhos, trabalhando com eles, aproveitando a missão e atingindo esses objetivos.

Passos

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    Certifique-se de que você tem o tempo necessário para estudar com seu filho e que ele não está preocupado ou cansado com outras coisas.
    • Energia e entusiasmo são muito importantes.

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    Recompense com diversão, prazer e com a apreciação sua e dele do aprendizado - e não com dinheiro ou nada muito material para não estragar o amor deles em aprender. Claro que alguns lanchinhos e bebidas são bons.
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    Peça para seu/sua filho(a) trazer(a) pra você o livro de matemática dele(a).Assim, você pode ver exatamente o que eles estão estudando e o método de ensino usado na escola.
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    Estude "somente" uma ou duas colunas da tabuada por vez.
    • Não fique pulando etapas.
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    Tenha um número de linhas à mão mostrando os números de 0 a 100 para encontrar o padrão para cada múltiplo de um fator.
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    Explique que cada múltiplo consecutivo é separado por um certo número de "espaços". Por exemplo, pergunta: "Quantos espaços separam os múltiplos de 3?" Resposta: "São 3 espaços; ou seja, é cada terceiro número naquela linha".
    • Depois, quando você tiver trabalhando nos múltiplos de 4, pergunte à criança: "Por favor, conte através da linha de números usando 4 espaços e circule todos os múltiplos de 4".
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    Mostre como cada múltiplo em uma coluna pode ser encontrado adicionando-se repetidamente o mesmo número. A multiplicação tem como base a adição, mas não é uma adição. Por exemplo, os múltiplos de 3---6, 9, 12, 15, 18, etc--- podem ser encontrados começando no 6 e repetidamente acrescentando 3 a cada número para chegar ao próximo. Porém, não faça isso o dia todo.
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    Mostre ao seu filho que a primeira linha corresponde a primeira coluna, a segunda linha corresponde a segunda coluna, etc. Isso significa que a ordem dos fatores não altera o produto. 3 x 7 = 21 e 7 x 3 = 21.
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    Discuta os padrões na tabela inteira. Por exemplo:
    • Todos os múltiplos de 10 terminam em zero.
    • Todos os múltiplos de 5 terminam em 5 ou em 0 e são a metade dos múltiplos de dez.
    • Alguns números, como 24, são listados como produto de diferente fatores: 2 x 12 = 24, 3 x 8 = 24, 4 x 6 = 24
    • Fatos especiais: A linha diagonal entre 4 e 100 que divide a tabela tem os mesmos dois fatores: 2 x 2, 3 x 3, ... e assim em diante:
      • 2 x 2 = 4, 3 x 3 = 9, 4 x 4 = 16, 5 x 5 = 25, 6 x 6 = 36, 7 x 7 = 49, 8 x 8 = 64, 9 x 9 = 81, 10 x 10 = 100, e você pode fazer 11 x 11 = 121 e 12 x 12 = 144 como um bônus avançado.
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    Aprenda os "Quadrados dos Números". O quadrado de 2 é 4; o quadrado de 3 é 9, o quadrado de 4 é 16 -- etc.: do 2 ao 10 (até o 12 algumas vezes).

Método 1 de 3: Faça pausas, relaxe. Sempre faça disso algo agradável, aprender é algo positivo!

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    Elogie seu/sua filho(a). Não se esqueça de fazer intervalos e divertir-se entre alguns momentos sérios, fazendo repetições rápidas dos fatos.
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    Siga em frente. É como uma competição, como um esporte.
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    Divirta-se. Ria e sorria, mas encare como uma diversão séria: você ganhasatisfação e sentimentos bons quando faz isso.
    • Você precisa fazer intervalos, mas não os prolongue muito. Relaxe e faça várias vezes um parabéns, toca aqui! e elogios sinceros. Se vocês estão acostumados a brincar, faça isso. Ou, se não estão, experimentem. Comece com uma brincadeira suave.

Método 2 de 3: Aprenda por partes e em qualquer ordem

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    Aprenda a metade da tabela. A metade é "tudo" que você precisa. Por que aprender apenas metade da tabela? Porque a metade triangular dos fatores de multiplicação da diagonal de cima do quadrado tem exatamente os mesmos fatores que o triângulo abaixo daquela diagonal.
    • Isso acontece porque não importa se você vai da "esquerda para a direita" ou da "direita para esquerda"; você ainda produz o mesmo produto, como 2 x 3 = 6 e 3 x 2 = 6.
    • Saliente isso e deixe a criança explicar como a multiplicação é reversível (como a adição), podendo ser feita das duas formas. Mostre que a soma de 2 + 3 = 5 dá a você exatamente o mesmo que adicionando na ordem inversa (3 + 2 = 5).

Método 3 de 3: Saiba como memorizar

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    Ajude seu estudante a memorizar os múltiplos criando fileiras crescentes de fatores aprendidos, mas colocando-os em qualquer ordem - tudo misturado - e não esquecendo sobre isso na próxima semana. Renove essas informações de vez em quando fazendo revisões.
    • A aprendizagem dos padrões de contagem de 2, de 3 e de qualquer número até 10 ou 12 é baseada na contagem, mas contar não é o mesmo que multiplicar. Algumas coisas não são memorizadas, mas os fatores da matemática precisam ser memorizados.
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    De pouco em pouco, as coisas vão acontecendo. Aqui vão algumas ideias para métodos de memorização:
    • Faça seu/sua filho(a) fazer um jogo de cartões de memória. Escreva o problema, como 4 x 9, na frente, e a resposta, 36, atrás. O ato de escrever fará com que haja uma nova repetição, um reforço. Depois, você pode usar os cartões para ajudá-los a revisar. Mostre o problema e deixe-os dizer a resposta.
    • Ofereça uma tabela em branco (ou apenas uma fileira em branco). Faça seu estudante preenchê-la na maior quantidade possível dentro de um espaço de tempo limitado - talvez 30 segundos para uma fileira, talvez 3 minutos para uma tabuada inteira. Em seguida, com uma caneta/lápis de cor diferente, faça com que ele(a) preencha os espaços em branco enquanto olha para uma tabela completa. Faça-os estudar tudo novamente e repita o processo. (Não faça mais do que duas repetições, porém, ou você corre o risco de deixá-lo cansado.)
    • Fale um número, como 30, e veja se eles podem listar todas as possíveis combinações que se multiplicam nisso - 5 x 6, 3 x 10.
    • Fale um número e depois pergunte pelo próximo múltiplo. Por exemplo, comece no 30 e pergunte pelo próximo múltiplo de 6. Ou comece no 18 e pergunte pelos próximos dois múltiplos de 9. (Você pode até mesmo começar com o 22 e perguntar pelo próximo múltiplo de 4, mesmo que 22 não seja um múltiplo de 4.)
    • Dê um intervalo, como de 20 a 30, e peça ao estudante para listar todos os problemas de multiplicação que se encaixam nesta faixa. Por exemplo, 2 x 11, 2 x 12, 2 x 13, 2 x 14, 3 x 7, 3 x 8, 3 x 9, 4 x 5, 4 x 6, 4 x 7 e 5 x 5 estão todos entre 20 e 30.
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    Invente ou adapte jogos que se adequem ao jogo da memória.
    • Por exemplo, tente um bingo de tabuada de multiplicação. Seu estudante preenche uma cartela de 6 por 6 com quaisquer números que ele quiser. Você lê um problema, como "5 x 7". Se eles tiverem 35 na cartela de bingo deles, então eles marcam lá. Continue até que alguém complete o "bingo".
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    Recite fatos memorizados rapidamente - em qualquer ordem (tudo misturado) - para fazer músicas ou para multiplicar. M-u-l-t-i-p-l-i-c-a-r devagar não é multiplicar de verdade, mas alguma repetição deve ajudar. Só não cause medo, tremedeira e choro... Isso poderia, na verdade, danificar o progresso deles e o amor ao aprendizado.





segunda-feira

Infantolatria

Além das complicações na vida dos filhos, como dificuldade de socialização e insegurança, deixar a criança comandar a dinâmica familiar pode prejudicar – e muito – o casal

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“Um bebê não tem poder para determinar como será a dinâmica familiar. Se isso acontece, é porque os pais promovem”, afirma psicanalista
As atividades da família são definidas em função dos filhos, assim como o cardápio de qualquer refeição. As músicas ouvidas no carro e os programas assistidos na televisão precisam acompanhar o gosto dos pequenos, nunca dos adultos. Em resumo, são as crianças que comandam o que acontece e o que deixa de acontecer em casa. Quando isso acontece e elas já têm mais de dois anos de idade, é hora de acender uma luz de alerta. Eis aí um caso de infantolatria.
“O processo de mudança nos conceitos de família iniciado no século 18 por Jean-Jacques Rousseau [filósofo suíço, um dos principais nomes do Iluminismo] chegou ao século 20 com a ‘religião da maternidade’, em que o bebê é um deus e a mãe, uma santa. Instituiu-se o que é uma boa mãe sob a crença de que ela é responsável e culpada por tudo que acontece na vida do filho, tudo que ele faz e fará. Muitos afirmam que a mulher venceu, pois emancipou-se e foi para o mercado de trabalho, mas não: é a criança que entra no século 21 como a vitoriosa. Esta é a semente da infantolatria”, explica a psicanalista Marcia Neder, pesquisadora do Núcleo de Pesquisa de Psicanálise e Educação da Universidade de São Paulo (Nuppe-USP) e autora do livro “Déspotas Mirins – O Poder nas Novas Famílias”, da editora Zagodoni.
Em poucas palavras, Marcia define infantolatria como “a instituição da mãe como súdita do filho e o adulto se colocando absolutamente disponível para a criança”. E exime os pequenos de qualquer responsabilidade sobre o quadro: “Um bebê não tem poder para determinar como será a dinâmica familiar. Se isso acontece, é porque os pais promovem”.
Reinado curto
A verdade é que existe um período em que os filhos podem reinar na família, mas ele é curto. “Quando o bebê nasce e chega em casa, precisa ser colocado no centro das ações, pois precisa ser decifrado, entendido. Ele deve perder o trono no final do primeiro, no máximo ao longo do segundo ano de vida, para entender que existe o outro, com necessidades e vontades diferentes das dele”, esclarece Vera Blondina Zimmermann, psicóloga do Centro de Referência da Infância e Adolescência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A infantolatria ganha espaço quando os pais não sabem ou não conseguem fazer essa adequação da criança à realidade que a cerca e a mantêm no centro das atenções por tempo indefinido. “Em uma família com relacionamento saudável, o filho entra e tem que ser adaptado à dinâmica da casa, à rotina dos adultos”, afirma a psicóloga.
Segurança ou insegurança?
Na casa da analista contábil Paula Torres, é ao redor de Luigi, de cinco anos, que tudo acontece. Entre os privilégios do garoto estão definir o canal em que a TV fica ligada e o dia do fim de semana em que será servida pizza no jantar. “Acho importante a criança se sentir amada e saber que suas vontades são relevantes para a família”, opina.
Ela conta que seu marido, o também analista contábil Luiz André Torres, não gosta muito disso e constantemente reclama que o filho é mimado demais. “Mas bato o pé e defendo essa proteção. Quando o Luigi crescer, será mais seguro para lidar com os adultos, já que suas opiniões são levadas em consideração pelos adultos com quem ele convive desde já”, acredita.
Não é o que as especialistas dizem. “Se o filho fica no nível dos pais, acaba criando para si uma falsa sensação de poder e autonomia que, em um momento mais adiante, se traduzirá em uma profunda insegurança. Ele sentirá a falta de uma referência forte de segurança de um adulto em sua formação”, explica Vera.
Em uma família com relacionamento saudável, o filho entra e tem que ser adaptado à dinâmica da casa, à rotina dos adultos”
Marcia diz ainda que, ao chegar à idade adulta, esse filho cobrará os pais. “Ele olhará ao redor e verá outras pessoas se realizando independentemente dele. A criança que acha que o mundo tem que parar para ela passar não consegue imaginar isso acontecendo e não está preparada para lidar com a mínima das frustrações. Em algum ponto, acusará os pais de terem sido omissos”.
Para Vera, supervalorizar os pequenos e nivelá-los aos adultos “é o resultado de uma projeção narcísica dos pais nos filhos, que se veem nas qualidades que enxergam em suas crianças”. Marcia concorda: “Isso tudo tem a ver com a vaidade da mãe, que considera aquele filho uma parte melhorada dela própria e, por isso, a criatura mais importante do mundo”.
Os alertas do dia a dia
Muitas vezes, os pais não se dão conta de que estão tratando os filhos como reis ou rainhas, então precisam levar uns chacoalhões da realidade fora de suas casas. “Eles geralmente caem em si quando começa a sociabilização. A escola reclama porque o aluno não respeita as regras, a criança tem dificuldade para fazer amiguinhos porque as outras, com autoestima positiva, não querem ficar perto de alguém que ache que manda em todos”, aponta Vera.
“Em um futuro bem imediato, as reações dos colegas podem fazer a criança perceber que precisa mudar. Ela se comportará com eles como faz com a família e receberá a não-aceitação como resposta. Terá de lidar com isso para ter amigos”, afirma Marcia.
Mesmo assim, ela ainda correrá o risco de não conseguir rever seus comportamentos devido a uma superproteção parental, adverte Vera: “Em alguns casos dá para ela se salvar, mas muitos pais preferem culpar o ‘mundo injusto com seu filho perfeito’, o que impede que ela entenda as necessidades dos outros e reforça seus problemas de inadequação para a adaptação social”.
E como fica o casal?
Além de todas as complicações causadas pela infantolatria na vida dos filhos, ela prejudica – e muito – o casal que a promove. “Na relação saudável, o casal continua sendo o mais importante na família mesmo com a chegada da criança. Se os pais mantêm o filho no centro por mais tempo do que o necessário, acabarão se afastando”, alerta Vera.
“Some o casal. O ‘marido’ e a ‘mulher’ passam a ser o ‘pai’ e a ‘mãe’. E se em uma casa a mãe é a santa e o filho é o deus, onde fica o espaço do pai?”, questiona Marcia. “Muitos tentam entrar, reconquistar seu espaço, mas outros simplesmente caem fora”, constata.
O futuro da infantolatria
Sabendo disso tudo, os pais têm condições de se preparar para evitar os estragos na criação dos filhos. Marcia conta que percebe que as pessoas têm encontrado em sua análise uma saída para a tirania infantil.
“Não sou adivinha, mas creio que o novo arranjo familiar, em que os pais também assumem funções na criação dos filhos e as mães seguem carreiras por prazer, vá ajudar a mudar o panorama, assim como os arranjos homoparentais que começam a ser mais comuns”, diz, para complementar: “Creio que todos os comportamentos continuarão existindo, mas temos a obrigação de trabalhar para reverter esse quadro. O filho não é o centro porque quer, mas porque o adulto permite”.
Vera enxerga o futuro da situação de forma um pouco diferente. “Nossa sociedade é muito apressada e, no geral, não dá espaço para a preocupação com o outro. Isso tende a potencializar esse tipo de problema, a naturalizar para a criança o fato de que ela é o que mais importa, como aprendeu em casa com o comportamento dos pais em relação a ela”, finaliza.

Projeto "Príncipes do Noroeste". Aniversário do Município 2014.



No mês de Março nossa cidade está de aniversário. Vamos presenteá-la- contribuindo para uma cidade limpa e sem mosquito da dengue. Por isso, o Colégio Pequeno Príncipe, por intermédio de seu Projeto Social ”Príncipes do Noroeste” e em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde alertam: A melhor forma de se evitar a dengue é combater os focos concentrados em acúmulo de água , locais propícios para a criação do mosquito transmissor da doença.

















Assista ao vídeo pelo link abaixo!

http://g1.globo.com/pr/parana/paranatv-1edicao/videos/t/noroeste/v/alunos-de-nova-londrina-ajudam-no-combate-a-epidemia-de-dengue/3231238/

segunda-feira

As contribuições do esporte para o desenvolvimento dos alunos

Em ano de Copa do Mundo, em que o futebol ganha grande destaque no cotidiano dos alunos, é oportuno refletir sobre a relação entre práticas esportivas e educação.

Quem trata do assunto é Fabio Eon, coordenador do setor de Ciências Humanas e Sociais da Unesco no Brasil.
Em entrevista exclusiva, o especialista explica como as atividades físicas favorecem a socialização e a formação de valores e habilidades, e indica o papel da escola e da família na promoção do esporte entre crianças e adolescentes.

Esporte e atividade física: importantes práticas socioeducacionais

Publicado em: 10/03/2014 - por Cássia Gomes Guimarães
O esporte está cada vez mais presente na sociedade. A prática esportiva e de atividade física é fundamental para o desenvolvimento social e individual de qualquer ser humano.
Na entrevista a seguir, Fábio Eon, coordenador-adjunto do setor de Ciências Humanas e Sociais do escritório da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) no Brasil, esclarece o potencial socioeducacional dessas práticas e suas contribuições para a formação de diversas habilidades físicas e intelectuais, e como importantes instrumentos de interação social.
Confira e entrevista completa!

Qual é a importância social do esporte? 
O esporte é um mecanismo que permite a autodescoberta, o aumento da autoconfiança e autoestima, mas também é um meio poderoso para amobilização ao reunir pessoas de diferentes crenças, culturas ou origens étnico-raciais. As competições esportivas nacionais e internacionais, além do entretenimento, reforçam a construção da identidade cultural e dosentimento de pertencimento dos povos.

Que importância a Unesco atribui às atividades de educação física e ao esporte?
A Unesco sempre trabalhou o esporte e a educação física como instrumentos importantes para a formação de valores e a socialização.
A educação física e o esporte, ministrados por sistemas tanto formais quanto não formais de ensino, possibilitam o aprendizado de regras mínimas de convivência, além do respeito ao próximo. São práticas que levam a estilos mais sustentáveis e saudáveis de vida e, consequentemente, à diminuição na sobrecarga e na demanda por serviços públicos de saúde.
A Unesco, além de elaborar ações normativas internacionais para essa área – tais como a Carta Internacional da Educação Física e do Esporte (1978) e a Convenção contra o Doping no Esporte (2005) – – tem procurado apoiar os países que compõem a Organização com projetos e ações concretas voltadas à universalização da prática esportiva, sempre com foco na construção da cultura de paz e no combate à discriminação de gênero em seus projetos.

De que maneira a prática de esporte na escola contribui para a formação do aluno? Que habilidades são desenvolvidas? 
A educação física e o esporte, como dimensões essenciais da educação e da cultura, devem desenvolver habilidades, força de vontade e autodisciplinaem todos os seres humanos, como membros plenamente integrados à sociedade. A continuidade da atividade física e a prática de esportes devem ser asseguradas por toda a vida, por meio de uma educação ao longo da vida, integral e democrática.
No âmbito individual, a educação e o esporte contribuem para a manutenção da boa saúde e proporciona uma atividade saudável de lazer. No âmbito da comunidade, eles enriquecem as relações sociais e desenvolvem o jogo limpo (fair play), que é essencial não apenas para o esporte em si, mas também para a vida em sociedade.
Qual deve ser o envolvimento da família na prática esportiva de crianças e jovens?
A família deve entender que a prática esportiva é um complemento importante na educação de seus filhos, e não apenas uma diversão ou algo que tire o foco dos estudos ditos formais. A máxima latina Mens sana in corpore sano(“Mente sã em corpo sadio”) aplica-se aqui.
A família deve apoiar a prática do esporte não apenas para estimular estilos de vida mais saudáveis, mas também porque se trata de instrumento importante de socializaçãoformação de valores e indutor de regras de convivência para crianças e adolescentes. As lições aprendidas e os laços de amizade estabelecidos no esporte podem ser levados para a vida toda.


A Unesco propõe alguma modalidade esportiva  como a mais adequada para a formação de valores e habilidades da criança em séries iniciais? Existe alguma modalidade apropriada para a adolescência?
Não. A Unesco não deve se manifestar a favor de determinada prática esportiva em detrimento de outra. Na visão da Unesco, todo esporte ou atividade física são válidos, obviamente respeitando-se os limites e asnecessidades de cada criança ou adolescente. Cada caso é um caso. Cabe ao indivíduo, no processo de descoberta do esporte – e, se possível, com o apoio de profissionais de Educação Física –, encontrar a modalidade que mais lhe dá prazer e com a qual se identifica. A prática esportiva deve ser prazerosa e contribuir para o crescimento da criança.

As instituições de ensino brasileiras estão avançando em práticas inclusivas no esporte para os deficientes físicos e intelectuais?
Sim, mas ainda falta muito para chegarmos ao desejável. A Convenção da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência (2005), documento ratificado pelo Brasil, estabelece em seu artigo 30.º como obrigação do Estado "assegurar que as crianças com deficiência possam, em igualdade de condições com as demais crianças, participar de jogos e atividades recreativas, esportivas e de lazer, inclusive no sistema escolar".
Se ainda é um desafio para as escolas trabalhar o tema da educação inclusiva e assegurar igualdade de oportunidades a todos em sala de aula, imagine em quadra ou na prática da educação física.
A atividade física tem ajudado pessoas com deficiência não só a adquirirem maior mobilidade, mas também a resgatar a sua autoestima e o seuequilíbrio emocional. Mesmo deficientes físicos com mobilidade reduzida podem praticar esportes – obviamente sob a tutela de profissionais qualificados e habilitados.

Em sua opinião, qual é o papel dos educadores na construção de uma escola inclusiva com atividades voltadas ao esporte?
É um papel fundamental, pois envolve, de certa maneira, algum grau de vontade política dos gestores escolares. Uma escola inclusiva que ofereça práticas de esporte e educação física requer pessoal qualificado e algunsequipamentos e instalações adequados.
O documento mais importante sobre Educação Física produzido pela ONU, aCarta Internacional da Educação Física e Esporte da Unesco (1978), reforça a importância de o ensino, o treinamento e a gestão da Educação Física e do esporte serem realizados por pessoal qualificado. Infelizmente, muitas vezes isso raramente se verifica em escolas brasileiras. Além disso, frequentemente a inexistência de bens e equipamentos esportivos é entendida como impedimento para a prática desportiva. Segundo dados do Censo Escolar de 2009, divulgados pelo MEC (Ministério da Educação), apenas 31% das unidades de Ensino Fundamental têm esses equipamentos. Além disso, na maioria das vezes, parcela considerável dessas instituições sofre com más condições de conservação – por exemplo, quadras com piso rachado ou falta de materiais, como tabelas, redes e gols. A inexistência de quadra ou de equipamento escolar voltado à prática esportiva não deve ser vista, no entanto, como impedimento para aulas de Educação Física. É sempre possível pensar em atividades, formais ou informais, voltadas à realidade e às carências da escola. 
A Unesco destaca em suas pesquisas o potencial do esporte no combate à violência. Qual é a intervenção do esporte na promoção da "cultura da paz"? 
Certamente, não há melhor instrumento para a construção do ideário de cultura de paz do que o esporte. A princípio, em esportes coletivos, todos competem em igualdade de condição. Em quadra ou em campo, as regras valem para todos, e esse conjunto de condições propicia uma oportunidade única para trabalhar em equipe, superar as diferenças e respeitar o outro. O esporte é uma importante ferramenta para promover o diálogo, bem como os sentimentos de identidade nacional e cooperação. A prática esportiva reforça valores virtuosos, como o jogo limpo, o coleguismo e o espírito de equipe.
Do mesmo modo, o Manifesto Mundial da Educação Física (2000) reforça o vínculo entre esporte e cultura de paz:  
"a Educação Física deve contribuir para a Cultura da Paz, ao ser usada no sentido de uma sociedade pacífica de preservação da dignidade humana, através de iniciativas de aproximação das pessoas e dos povos, com programas que promovam cooperações e intercâmbios nacionais e internacionais". (FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA - FIEP.Manifesto Mundial da Educação Física

Em sua opinião, o esporte é compreendido como um direito humano? 
Carta internacional da Educação Física e desportos (1978) reforça esse entendimento no item 1.1 de seu artigo 1.º: 
"todo ser humano tem o direito fundamental de acesso à educação física e ao esporte, essenciais para o pleno desenvolvimento da sua personalidade. A liberdade de desenvolver aptidões físicas, intelectuais e morais, por meio da educação física e do esporte, deve ser garantida dentro do sistema educacional, assim como em outros aspectos da vida social". (UNESCO.Carta internacional da Educação Física e do esporte da Unesco, 21 nov. 1978.
Do mesmo modo, o conjunto de legislações nacionais e internacionais vigentes consagra os direitos econômicos, sociais e culturais como direitos imprescindíveis à dignidade humana, que promovem o bem-estar e desenvolvem as habilidades do indivíduo e da coletividade.
À luz dessa perspectiva, o esporte e o lazer são entendidos como direitos sociais assentados nos direitos fundamentais do indivíduo e da coletividade. No Brasil, isso é corroborado pelo nosso marco jurídico. A Constituição Federal diz em seu artigo 6.º: "São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados". Tal entendimento, mas com foco na infância, também é reforçado pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que, no seu artigo 4.º. lembra:
"É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária".